Contadores de Histórias

       

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

LIVRO "CARRINHO DA LEITURA DEBULHANDO HISTÓRIAS"

Lançamos o Livro "Carrinho da Leitura Debulhando Histórias" no último dia 22 de dezembro de 2012, em Lisieux, e agora gostaríamos de lançá-lo neste espaço, onde queremos pedir a todos os amigos, conterrâneos, leitores deste blog, que possam adquirir o livro pela quantia de R$ 5,00 (cinco reais). A arrecadação dos valores da venda dos livros se juntarão às diversas promoções que estamos fazendo, no intuito da construção do CENTRO DE MEMÓRIAS DE LISIEUX e ampliação dos espaços do CENTRO CULTURAL DE LISIEUX.
Você pode adquirir o livro no próprio CENTRO CULTURAL DE LISIEUX, na Rua Natal, s/n, Distrito de Lisieux, Santa Quitéria-CE, CEP: 62.293-000
Ou solicitar através do e-mail: centrocultural.lisieux@hotmail.com
Ou ainda pelo telefone: (88) 3628-3061
Para os conterrâneos e demais amigos que queiram nos ajudar mais ainda, podemos mandar mais livros para serem revendidos aos amigos e demais pessoas onde moram.

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terça-feira, 23 de agosto de 2011


NA II FOGUEIRA DE HISTÓRIAS TINHA...


Casa de Taipa. Coberta de Palha. Alpendre. Camarinha. Banco de Pote. Panela de Barro. Pote de Barro. Mão de Pilão. "Banco" lá fora. Tamborete. Fotografias na Janela. Cortina de Chita na Porta e Janela. Quintal. Chão de barro batido. Mandacaru. Pé de Pereiro. Varal de roupas. Cerca no quintal. Cercado dos animais. Jumento. Cachorro. Pedras. Cerca de Bambu e Garrafa Pet. Fogueira. Livros. Baú de Livros. Baú de Histórias. Luís da Câmara Cascudo. "As Mil e uma Noites" de Malba Tahan. Contos da Mãe África. "O Ofício do Contador de Histórias, de Gislayne Avelar e Inno Sorsy. Ítalo Calvino. Cléo Busatto. Lendas brasileiras. Contos dos Irmãos Grimm. Contos de Andersen. Fábulas de Esopo. Contos de Fadas. Folheto de Cordel. "Peleja do Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum", dentre outros. Chocalho de Cascavel. Pau de Chuva. Contadores de Histórias: Adriana, Deca, Daniel, Toinho Moura, Milena, Ivanildo, Luis Queimado, Geovana, Xavier, Expedito Pite, Roberto Rodrigues. E outros que não contaram: Pedro Iury, Carrim, Toinha, Paulo Régis, Iago, Esterplane, Janaína, Raimundo Aires, Vitória, Andressa. Muitas Histórias bonitas: A Preguiça, O Rapaz que não tinha Medo, A Rolinha e a Raposa, de Pescador, A Reunião do Bicho, O Cágado e o Tejo, O Caboclo Veaco, A Festa no Céu, O João Grilo, O Leilão do Coração da Juriti, O Pum. Tinha Microfone,Violão, Flauta, Pedestal, Muito Som, Cabos e mais cabos. Música: Violão, Flauta, Vocal, Teatro, Performance, PARTICIPANTES DO MUSICALALECIANE, ALEX BRAGA, ANTONIO CASSIANO, ANTONIO DIMAS        CHAGAS BRAGA, DIMAS BASTOS, ERIKLES, ESPEDITO MARQUES, FELIPE, FRANCISCO CASSIANO, FRANCISCO DANIEL, FRANCISCO (TETEU), IAGO,  IVANILDO, JANAINA, JEHOTTON, JOSE CARLOS (CARRINHO), JOSÉ VIDAL, MARIA DA CONCEIÇÃO, MARIA NUBIA, MILENA, PEDRO IURY, RAÍ PAIVA,  RAIMUNDO AIRES, RODRIGO, ROSÃNGELA, ESTERPLANE,     VITÓRIA. Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, Paula Fernandes. Homenagem, Professores do Curso Roberto e Alisson. Barraca de Comidas Típicas: Bolo de milho, Bolo de Chocolate, Bolo de Tapioca, Caipirinha, Canja, Coxinha, Mousse, Mugunzá, Paçoca, Refrigerante, Pipoca, Pirulito. Cadeiras de plástico, Bancos da igreja, Tapetes. Crianças deitada nos tapetes. Menino, Menina, Menino dormindo no colo. Jovens, Adultos, Idosos, Senhores, Senhoras, Pais e Mães, Vovô, Vovó. Irmãos, Primos, Tias, Amigos, Professores, Alunos, Visitantes. Forró Pé de Serra, Negrão do Norte. Apreciar. Sanfona, Zabumba, Triângulo, Maracas. Raimundo de Almeida (Saudades do tempo que tocava). Carrim, Pite. Chapéu de Palha, Chapéu de Massa. Sandália de Couro. Arrasta-pé,xote. 3000 volt de luz. Banner do Centro Cultural de Lisieux, dos 50 Anos. Cansaço. Alegria. Satisfação. Conversas. Risadas. Aplausos. Filmagens. Fotografias. Filme 1001 Histórias. Slide do Curso de Violão e Flauta.... (O que mais????????????? O que mais???????????????)  




terça-feira, 9 de agosto de 2011


II Fogueira de Histórias de Lisieux foi muito boa!






II FOGUEIRA DE HISTÓRIAS

“Dê às pessoas um fato ou uma idéia e você iluminará suas mentes. Dê a elas uma história e você tocará suas almas”.
(Antigo Provérbio Hassídico)
Data: 20 de agosto de 2011
Realização: Centro Cultural de Lisieux

POR QUE UMA FOGUEIRA DE HISTÓRIAS?

Este é um evento que se quer se torne tradicional. Não para se marcar quantidade. Mas pelo seguinte. No ano passado realizamos no dia 17/07/2010 e, neste ano estamos realizando neste dia 20/08/2011. Nós queríamos realizar um evento que marcasse o encerramento das atividades do ano do Ponto de Cultura, porque o projeto funciona de julho a julho.

E aí pensamos numa idéia que pudesse expressar várias questões que trabalhamos e achamos importantes, como por exemplo: ESSÊNCIA (ao invés da aparência); QUALIDADE (ao invés da quantidade); CRIATIVIDADE (ao invés da simples reprodução); PARTICIPAÇÃO (ao invés da exclusão); RESPEITO (ao invés da arte que desrespeita); CONSTRUÇÃO COLETIVA (ao invés da supremacia do individualismo).

Então, no ano passado realizamos a I Fogueira de Histórias, encerrando as atividades do 1º ano do projeto e da Oficina de Leitura e Contação de Histórias. Hoje, estamos realizando a II Fogueira de Histórias encerrando o 2º ano do projeto e do Curso de Violão e Flauta.

MAS POR QUE MESMO FOGUEIRA DE HISTÓRIAS?????

Vocês sabem que junho é o mês das fogueiras, dos fins d’água, tempo que marca os fins das colheitas, das noites de lua clara, quando as pessoas se reúnem (ou se reuniam) ao redor das fogueiras. Para comemorar, para agradecer, para pedir novas bênçãos, para festejar, para se reunir, para juntar o gado e ferrar, para contar histórias do dia a dia, para namorar, para casar. Para tanta coisa boa nesse sertão de meu Deus...

Como dizia Luís da Câmara Cascudo. “Depois da ceia faziam roda para conversar, espairecer, dono da casa, filhos maiores, vaqueiros, amigos, vizinhos... Histórico do dia, assuntos do gado, desaparecimento de bois, aventuras do campeio, façanhas de um cachorro, queda num grotão, anedotas rápidas, recordações, gente antiga, valentes, tempo da guerra do Paraguai, cangaceiros, cantadores, furtos de moça, desabafos de chefes, vinganças, crueldades, alegrias... Todos sabiam contar histórias. Contavam à noite, devagar, com gestos de evocação e lindos desenhos mímicos com as mãos. Com as mãos amarradas não há criatura vivente para contar uma história”.

Pensamos, pensamos. Então, por que não fazer uma FOGUEIRA de verdade e juntar gente para contar e ouvir HISTÓRIAS? Daí surgiu a idéia de uma FOGUEIRA DE HISTÓRIAS!

“Histórias de vida
Quantas histórias
Cabem numa vida?”
(Auricéia Dumke)


 O EVENTO DESTE ANO

A II FOGUEIRA DE HISTÓRIAS quer reunir dois aspectos fundamentais do nosso trabalho;
1º) aspecto do RESGATE e
2º) aspecto da FORMAÇÃO.

Este primeiro momento é o da CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS. É o aspecto do resgate. Os historiadores dizem que este nome resgate é inadequado. Mas estamos colocando desta forma que é no sentido do TRAZER DE VOLTA, VALORIZAR, DAR VISIBILIDADE ao Contador de Histórias.

Este trabalho de RESGATE... Vamos usar a palavra resgate mesmo, para ficar melhor compreensivo. Pois bem, este trabalho de resgate do Contador de Histórias iniciou nos Encontros do CARRINHO DA LEITURA. Na idéia de levar o Carrinho para as ruas, então, naquela rua escolhida, a gente ia lá e procurava contadores de histórias daquela rua e, convidava-os para contar histórias. Tanto é que contaram histórias no Carrinho da Leitura: o ALCIDES FERREIRA DE ARAÚJO (o Seu Alcides), grande contador de histórias, uma figura de um saber popular fantástico; as histórias de Seu Alcides são suas “histórias de vida”, às vezes aumentadas ou “floreadas” como dizia Antônio Bia (Narradores de Javé), mas são histórias maravilhosas, inventadas ou não, de si próprio, de outrem, de sua experiência de vida; conhecedor profundo de plantas medicinais, ia buscar no mato qualquer que fosse a planta que você precisasse. Também contou histórias no Carrinho da Leitura, a DONA MARIA, esposa do “Gato”, de saudosa memória. Contou histórias muito bonitas. Temos alguns pequenos filmes com ela contando histórias. O DECA é também outro grande contador de histórias, diz que aprendeu a contar histórias ouvindo os mais velho, o pai, os avós, ouvindo as pessoas nas Rodas de Histórias. Interessante que ele sempre leva os seus filhos para os Encontros do Carrinho da Leitura e também conta histórias para os seus filhos.

Pois bem, dentre tantos outros que contaram, também começamos a constituir um Grupo de Contadores com os Jovens e as Crianças. E aqui trazemos o nosso Grupo de Contadores de Histórias do Centro Cultural de Lisieux.

É nisto que reside o aspecto do RESGATE. Trazer de volta ao nosso cotidiano o Contador de Histórias, que tanto deleitou, divertiu as crianças e adultos de outros tempos, ou seja, FEZ e FAZ parte de nossa CULTURA. Teve e tem uma importância muito grande.

"Não se pede ao contador um pedaço de vida cotidiana, mas um grande pedaço de sonho... Como se a gente estivesse lá." 
(Henri Verneuil)

No aspecto da FORMAÇÃO. Teremos uma apresentação do MUSICAL dos alunos do Curso de Violão e Flauta. Há mais de 20 anos quando fundamos o GRECELI, sempre trabalhamos a formação das pessoas, principalmente de jovens e adolescentes. E aí, hoje, nós temos a grata satisfação de mostrar para vocês, povo de Lisieux, este trabalho de FORMAÇÃO inicial em MÚSICA. Assim como tantos outros que já fizemos aqui. Formação de Crianças, de Adolescentes, de Jovens, de Adultos, de Professores, de Idosos. Formação Cultural em Teatro, Dança, Comunicação, Rádio, Contação de Histórias, Inclusão Digital, Informática, Fotografia, Cinema, Cursos Profissionalizantes, de Geração de Emprego e Renda. Ou seja, tantas formações. Mas a FORMAÇÃO fundamental que sempre procuramos fazer foi a Formação do CIDADÃO, a formação da CONSCIÊNCIA, a formação da PARTICIPAÇÃO, da DEMOCRACIA, a formação do OUVIR, do FALAR, a formação para a SOLIDARIEDADE. A formação da COMUNIDADE, do COMUNITÁRIO, do COLETIVO, a formação para a PAZ, para a ALEGRIA, a formação para a FELICIDADE.

Então, aqui, hoje, estamos mostrando estas duas coisas, estes dois aspectos importantes, dentre outros, de nosso trabalho no CENTRO CULTURAL DE LISIEUX:

RESGATE e FORMAÇÃO.
                                                                     

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS É MAIS UM PROJETO DO CENTRO CULTURAL DE LISIEUX!!!!!!!!!!!

O GRUPO DE CONTADORES JÁ ESTÁ FORMADO.........

Não se pede ao contador um pedaço de vida cotidiana,

mas um grande pedaço de sonho...

Como se a gente estivesse lá.

Henri Verneuil                        

"Dê às pessoas um fato ou uma idéia e você iluminará suas mentes.
Dê a elas uma história e você tocará suas almas."
(antigo provérbio hassídico)

Contar histórias não é nunca uma opção ingênua. É uma maneira de olhar o mundo.
Celso Sisto

Histórias de vida
Quantas histórias
Cabem numa vida?

Auricéia  Dumke

A experiência que passa de pessoa para pessoa foi a fonte que alimentou, desde sempre, todos os narradores, que retiravam das suas vivências ou da experiência relatada pelos outros, o que contar. O camponês sedentário, fixo em sua terra, mantinha vivo o saber do passado; o marinheiro comerciante trazia o saber das terras distantes, e as coisas narradas iam sendo incorporadas à experiência dos ouvintes
  Naqueles tempos, o narrador era figura de destaque na comunidade, não por sua importância política ou econômica, mas pelo fato de conhecer e contar fatos, histórias, mitos, mantendo viva a memória dos povos na arte de narrar. 
 As pessoas viviam num mundo em que havia espaço para o lazer, o ócio e fiavam e teciam enquanto ouviam as narrativas. Estas tinham às vezes uma dimensão utilitária, oferecendo uma sugestão prática, um ensinamento moral através de um provérbio, um conselho. Os narradores eram pessoas que sabiam dar conselhos, retirando-os com sabedoria da observação da experiência vivida.
Hoje, não se admite perder tempo porque “tempo é dinheiro”. Por outro lado, as superficialidades das relações sociais fizeram com que as experiências deixassem de ser compartilhadas.
A rapidez com que informações são transmitidas nos permite conhecê-las ao mesmo tempo em que os fatos estão acontecendo, não importa a que distância.  A memória tem a ajuda dos livros e dos bancos de dados do computador. E a arte de narrar foi definhando.
Mas ao invés de desaparecer completamente, no final do século XX ela se revigorou. O contador ressurgiu e se multiplicou nas salas de aula e de leitura, nos teatros, no ambiente familiar, conquistando os mais diferentes adeptos: músicos, atores, mímicos, poetas, escritores, recreadores, bibliotecários, professores, mães, avós e até curiosos!
No entanto, contar histórias nestes tempos cibernéticos não é fácil: é preciso, antes de tudo, disputar espaço com a televisão, o computador, a internet, o videogame.  Além do mais, é difícil encontrar ouvintes num mundo que considera o ato de ouvir uma perda de tempo.

Este é parte do texto: A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS COMO AGENTE DE LEITURA
Rosângela Janea Rauen
Licenciada em Letras Português/Inglês- UTP
Grupo Saberes de Contadores de História/PUC/PR

E EM LISIEUX ESTAMOS TAMBÉM ENVOLVIDOS NESTE MARAVILHOSO PROCESSO DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS. AS HISTÓRIAS NÃO TEM FRONTEIRAS. "AS HISTÓRIAS TAMBÉM SÃO ETERNAS".


Veja outro texto interessante.

A Arte de Contar Histórias
Espaços de Encantamento e o Desenvolvimento de Pessoas

Hosaná Dantas


Há muito é sabido do prazer que é sentar em roda e ouvir uma gostosa história. O sabor remonta a passados longínquos e, apesar das inovações tecnológicas, é sempre com renovado anseio e deleite que nos dispomos a ouvir uma história... Todos nós, adultos e crianças.
Pesquisada e analisada em seu aspecto lúdico, a arte de contar histórias ganhou uma conotação maior, como valoroso instrumento no processo educativo. Contar histórias passou a ser compreendido como uma possibilidade bastante rica de estratégia alternativa para se obter subsídios no redimensionamento dos trabalhos com crianças, estabelecendo linhas muito mais positivas na ação educativa. Além de traduzir-se em um elemento facilitador do processo de inter-relação, de socialização (a roda, ouvir a história, comentar a história, recontar a história, etc.), por intermédio do qual se aprende (e apreende-se) o senso de coletividade, a ouvir o outro, a falar, a expressar-se.
É preciso, aliás, que o educador aceite como fundamental a necessidade de estabelecermos um conceito, um princípio, a representar a leitura que temos do nosso trabalho. De minha parte, gosto de acreditar em um axioma que retive de leituras antigas: “Educação é o processo de desenvolvimento do ser humano”. Nesse sentido, penso, então, caber ao educador, principalmente aquele que cuida das crianças pequenas, dedicar-se a ser um idealizador de estratégias que visem beneficiar esse processo.
Ora, antes de qualquer coisa, a utilização de referenciais lúdicos, como a arte de contar histórias, vai constituir-se no estabelecimento de um ambiente, onde a relação aluno-professor alcance níveis mais elaborados de interação, em que as demandas pedagógicas (aquelas ações necessárias emergentes do espaço educativo) sejam encaminhadas de forma mais eficiente.
Pense, também, no estabelecimento da prática do conto como meta, ainda que subjetiva, mas relevante nos estudos que se fazem a respeito, de buscar despertar a fantasia e a imaginação nos ouvintes, ao que encontramos reforço de inestimável valor quando analisamos serem a imaginação e a fantasia essenciais para um pensamento criador.
Aqui, é interessante destacar que, ao lidar com essas variáveis subjetivas, chega a ser um privilegio pensar a arte de contar histórias como uma referencia de criação de espaços de encantamento. Por mais simbólica que pareça a menção à criação de tais espaços, havemos de refletir quanto ao fato de que o desenvolvimento das pessoas, tangenciando os processos racionais e lógicos, passa também pelo crescimento emocional e do estabelecimento de regras de convivência. É o que se vai apurar de o quanto nos permitirmos a vivência nestes mundos de encantamento.
Vivência, aliás, tão importante, que vai exigir do educador uma serie de cuidados a lhe permitirem uma maior positivação na ação educativa. O primeiro é o da sua reflexão acerca das formas de se comunicar com a criança.
A criança, principalmente as pequenas, necessita de um diálogo constituído por referências simbólicas; daí a preferência pelas brincadeiras, pelos personagens do faz-de-conta, pelas fantasias envolvendo seres invisíveis e fantásticos; daí a crença inabalável em personagens míticos (Papai Noel, coelhinho da páscoa etc.). É preciso que, na comunicação com a criança, saibamos lidar com essas referências, sob pena de, na contramão, bloquearmos qualquer possibilidade de estreitar as relações.
Espero que fique claro – se bem que acredito nem precisar dizer isso – que é condição essencial, nessa discussão, o educador gostar de crianças e gostar de contos e histórias infantis, percebendo a importância desse instrumento. É notório que gostar de crianças é quase uma imposição da cultura profissional de quem trabalha com Educação Infantil, mas vale refletir sobre isso; no outro pólo, o que diz respeito aos contos e a sua importância, só a vivência prática e reflexiva, que deve o educador experimentar constantemente, será preponderante para a consolidação das idéias propostas e/ou outras que surgirem.
Do ponto de vista prático, acredito poder contribuir com alguns apontamentos, sem que sejam considerados fórmulas prontas ou receitas inquestionáveis.
A escolha da história é o item que considero de maior essência no trabalho de contador. É preciso buscar uma história na qual se encontre uma identificação; não se deve contar por contar, nem contar sem se sentir à vontade com a história. O bom contador deve, antes de tudo, transmitir uma certa intimidade com a história, como se a tivesse vivenciado. Isso torna o momento mais agradável e proporciona uma participação mais positiva.
O ambiente físico, onde se vai contar a história, também deve ser cuidadosamente pensado e preparado. Dependendo da história, em se tratando de espaço fechado, as luzes podem ser apagadas ou não; os móveis devem ser afastados ou não, e assim por diante, criando climas e sensações que podem ser incorporados ao desenvolvimento da história. No que diz respeito ao trabalho em local aberto, é preciso ter a consciência da capacidade de dispersão que este ambiente favorece, o que implica em ser inviável, por exemplo, contar uma história com fins calmantes, nesse espaço. Podem ser reservadas para esses lugares as histórias mais dinâmicas, que envolvam diretamente os participantes do grupo.
Deve-se cuidar para não principiar o momento do conto de forma abrupta; é preciso preparar espírito e sensibilidade para as rodas de histórias. O melhor caminho é instituir conversas antes de contar as histórias – além de criarem um necessário suspense para a atividade, estas conversas podem fornecer elementos-chave para um bom desenvolvimento da programação.
Se houver pretensão de utilizar material extra para apoiar a narração do conto (sucatas, brinquedos, músicas, dobraduras etc.), valha-se da máxima de só fazer aquilo que sabe e domina muito bem. Parece óbvio, mas é comum observar alguns deslizes justamente pela inobservância dessa questão. Se não souber manusear objetos no momento da narração, ou se considerar que isso atrapalha, não se deve nem pensar em se valer desse expediente.
Para finalizar, leve em consideração que o espaço de encantamento, as ser concretizado com sua atividade, deve, antes, existir em você. E, assim, perceber que proporcionar às crianças momentos de ouvir histórias é, antes de tudo, permitir-lhes que vivam na infância com a fantasia de se mundo do faz-de-conta. Não se deve interpretar como intenção de isolar a criança do mundo real, nem deixá-la à parte das transformações inevitáveis, mas sim entendê-la como criança que é (e não um mini-adulto) e fazer com que ela perceba seu mundo, suas dificuldades, seus sucessos, através de processos lúdicos, como, por exemplo, as rodas de contos. Momentos em que a imaginação e a fantasia correm soltas a visitarem (e/ou re-visitarem) reinos distantes, princesas, fadas, duendes, cavaleiros... E é tão necessário esse fazer de conta, essa fantasia, esse sonho, esse encantamento, para o desenvolvimento da criança! Estudos científicos não faltam para atestá-lo.